UNIÃO ESTÁVEL
01 -
CIVIL E PROCESSO CIVIL
Recurso Especial - Doação - Herança
- Alegação de violação
aos arts. 6º e 535, inciso II, do CPC - Contrariedade
aos arts. 1.176, 1.576 e 1.790, do CC/1916.
1 - In casu, a recorrente não era casada
com o de cujus, mas vivia, como reconhecido pelas
instâncias ordinárias, em união
estável com ele. Tal circunstância,
como reiteradamente tem decidido esta Corte, dá
ensejo a condição de meeira da companheira
(v.g. REsp nº 93.355/PR, Rel. Ministro Barros
Monteiro, DJU 24/10/2000; REsp nº 191.393/SP,
Rel. para o acórdão Ministro Ari Pargendler,
DJU 29/10/2001). 2 - Assim, acertado o percentual
de 25%, reconhecido pelo Tribunal a quo como válido
para doação, já que os outros
25% referem-se a legítima dos herdeiros.
Destarte, não verifico violação
aos dispositivos infraconstitucionais apontados.
3 - Recurso não conhecido.
(STJ - 4ª T.; REsp nº 656.990-RJ (2004/0059353-9);
Rel. Min. Jorge Scartezzini; j. 21/10/2004; v.u.)
site www.stj.gov.br
02 - RECURSO
ESPECIAL
Administrativo - Pensão - União
estável - Companheira casada, mas separada
de fato - Possibilidade.
1 - A Constituição Federal e a lei
ordinária que regulamentou a união
livre não fazem qualquer distinção
entre o estado civil dos companheiros, apenas
exigindo, para a sua caracterização,
a união duradoura e estável entre
homem e mulher, com objetivo de constituir uma
família. 2 - Inexiste óbice ao reconhecimento
da união estável quando um dos conviventes,
embora casado, encontra-se separado de fato. 3
- Recurso provido.
(STJ - 6ª T.; REsp nº 406.886-RJ (2002/0008284-9);
Rel. Min. Hamilton Carvalhido; j. 17/2/2004; v.u.)
site www.stj.gov.br
03 - INVENTÁRIO
Inventariante - Companheiro da de cujus - Destituição
- Não cabimento - Direito do agravado pendente
de reconhecimento em ação própria
- Ausência, no entanto, de razão
para sua destituição - Recurso não
provido.
Ementa oficial: União estável. Morte
da companheira, que não deixou ascendentes
ou descendentes. Pretendido direito, pelo convivente
supérstite, dos bens adquiridos em data
anterior ao do início da vida em comum
ou por doação. Viabilidade em face
dos colaterais. Inteligência dos arts. 2º,
inciso III, da Lei nº 8.971/94 e 1.603, inciso
III e 1.611 do Código Civil de 1916. Convivente
que se acha na posse do imóvel utilizado
como último domicílio pela de cujus.
Manutenção da sua nomeação
para o cargo de inventariante, bem como do sobrestamento
do inventário até que se julgue
a ação declaratória de reconhecimento
e de dissolução de união
estável. Recurso improvido.
(TJSP - 3ª Câm. de Direito Privado;
AI nº 334.819-4/3-Osasco; Rel. Des. Waldemar
Nogueira Filho; j. 30/3/2004; v.u.) JTJ 282/351
04 - CONCUBINATO
União estável - Dissolução
e partilha de bens - Transação assinada
pela autora pela qual recebe bens e direitos,
reconhecendo não haver contribuído
para a formação do patrimônio
do parceiro e renunciando a outros direitos -
Ato válido e vigente - Carência da
ação - Recurso não provido.
Ementa oficial: União estável. Dissolução
e partilha de bens. Falta de interesse de agir
da autora. Transação pela qual recebe
bens e direitos, reconhece não ter contribuído
para a formação do patrimônio
do parceiro e renuncia a eventuais outros direitos.
Ato válido e vigente. Carência da
ação decretada. Decisão mantida.
Recurso desprovido.
(TJSP - 7ª Câm. de Direito Privado;
AC nº 312.401-4/5-00-SP; Rel. Des. Oswaldo
Breviglieri; j. 5/5/2004; v.u.) JTJ 282/35
05 - ALIMENTOS
União estável - Reconhecimento post
mortem - Admissibilidade - Fixação
em 1/3 desde a data da citação até
o falecimento do companheiro - Recurso provido.
Ementa oficial: Alimentos. União estável.
Reconhecimento. Fixação dos alimentos
em 1/3 (um terço) dos rendimentos do réu
desde a citação até a data
de seu falecimento. Consideração
do binômio necessidade/possibilidade. Recurso
provido para esse fim.
(TJSP - 5ª Câm. de Direito Privado;
AC nº 249.015-4/0-SP; Rel. Des. Rodrigues
de Carvalho; j. 14/4/2004; v.u.) JTJ 281/38
06 - PENSÃO
Companheiro de servidora estadual aposentada -
Admissibilidade.
O reconhecimento que o art. 147, inciso IV, da
LC, na parte em que excluiu o companheiro do direito
à pensão, foi derrogado pela CF/88.
Direito ao recebimento de pensão mensal,
em valor integral, aos proventos da falecida.
Recursos oficial e voluntário improvidos.
(TJSP - 6ª Câm. de Direito Público;
AC nº 329.484.5/5-00-SP; Rel. Des. Rebello
Pinho; j. 8/11/2004; v.u.) site www.tjsp.gov.br
07 - TUTELA
ANTECIPADA
Concessão após proferida a sentença
- Possibilidade - Competência do Juízo
de 1º Grau - Art. 800, parágrafo único,
do Código de Processo Civil.
Agravo de Instrumento. Pensão. Cônjuge
sobrevivente. Beneficiária obrigatória.
Pensão concedida à convivente por
sentença. Partes com idade avançada.
Possibilidade de dano irreversível à
titular do direito. Agravante inscrita como beneficiária
no Ipesp. Pensão a ser dividida entre as
partes. Recurso provido.
(TJSP - 1ª Câm. de Direito Público;
AI nº 360.257-5/7-00-SP; Rel. Des. Roberto
Bedaque; j. 21/9/2004; v.u.) site www.tjsp.gov.br
08 - INVENTARIANTE
Ausência de herdeiros necessários.
Pretensa companheira, por ora, não pode
figurar como inventariante, ante a existência
de irmãos do autor da herança. Comprovação
da união estável somente em ação
autônoma, ante a divergência manifestada.
Nomeação de irmão do falecido
como inventariante deve prevalecer. Agravo desprovido.
(TJSP - 4ª Câm. de Direito Privado;
AI nº 360.206-4/1-00-SP; Rel. Des.Natan Zelinschi
de Arruda; j. 16/9/2004; v.u.) site www.tjsp.gov.br
09 - AGRAVO
DE INSTRUMENTO
Ação reivindicatória - Legitimidade
passiva do vendedor e da ocupante do bem - Antecipação
de tutela - Compra e venda - Prova do pagamento
- União estável do vendedor - Inoponibilidade
ao comprador - Situação fática.
1 - Possuem legitimidade para figurar no pólo
passivo da ação reivindicatória
tanto o vendedor do imóvel como a ocupante
do mesmo, à qual se estenderão os
efeitos da sentença, pois ambos possuem
relação jurídica com o comprador.
2 - Não se pode exigir do adquirente de
um imóvel que conheça de uma situação
fática do vendedor (união estável)
contrária à situação
jurídica documentalmente comprovada, relativa
ao seu estado civil (divorciado). Assim, a união
estável do vendedor não pode ser
oponível ao comprador de boa-fé.
3 - Havendo prova inequívoca da realização
da compra e venda do imóvel, verossimilhança
das alegações do recorrente e periculum
in mora, e reversibilidade da decisão,
mister é a antecipação da
tutela pretendida na ação reivindicatória.
4 - Agravo de instrumento provido.
(TJDFT - 4ª T. Cível; AI nº 2004.00.2.004112-2-DF;
Rel. Des. Sérgio Rocha; j. 29/11/2004;
v.u.) site www.tjdft.gov.br
10 - APELAÇÃO
CÍVEL
Ação declaratória de direitos,
cumulada com cobrança - Benefício
de pensão por morte - Pretensão
da apelante ao recebimento da quota-parte - Cônjuge
separado judicialmente, que convivia com outra
há mais de dezesseis anos - Não
comprovação de dependência
econômica - Pensão indevida - Recurso
improvido.
Tratando-se de benefício de pensão
por morte, objetivado por cônjuge separado
judicialmente, que renunciara expressamente aos
alimentos, e não comprova dependência
econômica com o de cujus, não faz
ele jus ao recebimento da referida pensão.
(TJMS - 1ª T. Cível; AC nº 2004.012927-8/0000-00-Três
Lagoas; Rel. Des. Ildeu de Souza Campos; j. 22/2/2005;
v.u.) site www.tjms.gov.br
11 - AGRAVO
REGIMENTAL
Apelação Cível - Decisão
denegatória de seguimento por manifesta
improcedência - Embargos de terceiro - Alegação
de união estável - Desconstituição
de penhora sobre imóvel adquirido exclusivamente
com o esforço do companheiro - Acordo de
partilha - Senilidade afirmada - Pretensão
afastada - Recurso improvido.
Não restando caracterizada a união
estável, e demonstrado o esforço
exclusivo do companheiro para a aquisição
do imóvel penhorado, é de se repelir
a pretensão da companheira que pretende
desconstituir a penhora sob sua suposta meação.
Deve ser desconsiderado o acordo de reconhecimento
de união estável e partilha de bens
formulado entre os companheiros, se a própria
convivente reconhece perante o juízo, e
em data anterior ao pacto, estar o convivente
em idade senil (83 anos) e sob o efeito de drogas
potentes, não podendo, portanto, gerir
sua pessoa.
(TJMS - 2ª T. Cível; Ag Rg em AC nº
2003.012464-0/0001-00-Dourados; Rel. Des. Horácio
Vanderlei Nascimento Pithan; j. 14/12/2004; v.u.)
site www.tjms.gov.br
12 - AGRAVO
DE INSTRUMENTO
Ação de arrolamento de bens - Pedido
de reconhecimento de união estável
post mortem em andamento - Habilitação
da companheira do de cujus no inventário
que não deve ser admitida.
Oposição por parte de herdeiro necessário.
Não comprovação suficiente
da convivência do casal. Necessidade de
sentença reconhecendo a alegada união
estável. Alugueres emergentes dos imóveis
do espólio que estão sendo recebidos
pela possível companheira. Via imprópria
para pleitear devolução dos alugueres
já recebidos. Valores que devem ser depositados
em conta judicial. Reserva do quinhão cabível
à agravada, até que seja solucionada
a controvérsia acerca da existência
de união estável. Recurso parcialmente
provido.
(TJPR - 8ª Câm. Cível; AI nº
164.885-9-Curitiba; Rel. Des. Celso Rotoli de
Macedo; j. 15/12/2004; v.u.) site www.tjpr.gov.br
13 - AÇÃO
ORDINÁRIA
Aquisição de bem imóvel em
nome de conviventes, com recursos financeiros
obtidos exclusivamente por um deles, anteriormente
à união estável.
Sentença que condena o convivente não
contribuinte à devolução
do valor dispendido na aquisição
da parte ideal que lhe coube, ou, alternativamente,
a transferir a mesma parte ao outro convivente.
Contribuição exclusiva e origem
dos recursos anteriores à união
incontroversas. Inteligência do art. 5º,
§ 1º, da Lei nº 9.278/96. Decisão
mantida. Recurso conhecido e não provido.
Sendo incontroverso que apenas um dos conviventes
pagou o preço total do bem e ainda que
este foi adquirido exclusivamente com recursos
oriundos de período anterior ao início
da união, cessa presunção
de que seria fruto do trabalho e da colaboração
comum.
(TJPR - 5ª Câm. Cível; AC nº
161.651-1-Curitiba; Rela. Juíza Convocada
Lilian Romero; j. 7/12/2004; v.u.) site www.tjpr.gov.br
14 - UNIÃO
ESTÁVEL
Concubinato impuro - Alimentos - Relação
concubinária mantida paralelamente com
o casamento - Espécie de relacionamento
que não é reconhecido e protegido
pelo mandamento constitucional - Hipótese,
ademais, em que não restou demonstrada
a necessidade alimentar da ex-companheira, que
trabalha e possui rendimentos próprios.
Ementa oficial: O concubinato impuro, ou seja,
a ligação do homem casado civilmente,
que paralelamente à relação
concubinária mantém o casamento
com sua legítima esposa, não gera
efeitos jurídicos decorrentes da união
estável, reconhecida e protegida pelo mandamento
constitucional. Nesse particular, não restando
demonstrada a necessidade alimentar da ex-companheira,
uma vez que trabalha e possui rendimentos próprios,
impõe-se o indeferimento dos alimentos
pleiteados.
(TJRN - 1ª Câm. Cível; AP nº
02.000068-5 (Segredo de Justiça)-RN; Rel.
Des. Cristóvam Praxedes; j. 24/5/2004;
v.u.) RT 830/351
15 - UNIÃO
ESTÁVEL
Dissolução - Partilha de bens -
Divisão em partes iguais dos bens adquiridos
durante a convivência - Necessidade de comprovação
da época e da forma de aquisição.
Ementa oficial: Uma vez reconhecida a união
estável, impera sejam partilhados igualitariamente
os bens adquiridos, a título oneroso, na
sua vigência, sem que se perquira da contribuição
de cada convivente, bastando que fiquem comprovadas,
portanto, a época e a forma de aquisição.
Nesse passo, comportam divisão os veículos
adquiridos na vigência do enlace, eis que
não comprovada cabalmente a sub-rogação
alegada pelo varão. Ficam afastados do
rateio os bens cuja existência, propriedade
ou época da aquisição não
foram objeto de prova.
(TJRS - 7ª Câm. Cível; AP nº
70007787427 (Segredo de Justiça)-MG; Rel.
Des. José Carlos Teixeira Giorgis; j. 18/8/2004;
v.u.) RT 831/399
16 - EMBARGOS
INFRINGENTES
União estável - Caracterização
de namoro.
O namoro, embora público, duradouro e continuado,
não caracteriza união estável
se nunca objetivaram os litigantes constituir
família. Embargos infringentes desacolhidos,
por maioria.
(TJRS - 4º Grupo Cível; EI nº
70008361990-Montenegro; Rel. Des. José
S. Trindade; j. 13/8/2004; maioria de votos) site
www.tjrs.gov.br
17 - UNIÃO
ESTÁVEL
Relacionamento more uxorio - Inocorrência.
Não havendo prova de que o casal coabitasse,
nem ficando cabalmente demonstrada a intenção
de constituir um núcleo familiar com a
autora, improcede o pedido de declaração
de união estável. Recurso desprovido.
(TJRS - 7ª Câm. Cível; AC nº
70010326239-Porto Alegre; Rel. Des. Sérgio
Fernando de Vasconcellos Chaves; j. 2/3/2005;
v.u.) site www.tjrs.gov.br
18 - APELAÇÃO
União estável - Comprovação.
Há prova forte o suficiente para comprovar
que, até a data do óbito, o falecido
e a apelada viveram como se fossem marido e mulher.
Vivência sob o mesmo teto e relacionamento
de conhecimento público. Negaram provimento.
(TJRS - 8ª Câm. Cível; AC nº
70010450765-Porto Alegre; Rel. Des. Rui Portanova;
j. 24/2/2005; v.u.) site www.tjrs.gov.br
19 - UNIÃO
ESTÁVEL
Dissolução.
Impositivo o reconhecimento da união estável
quando a prova colacionada aponta para a existência
de uma relação nos moldes familiares.
ALIMENTOS. São devidos alimentos à
ex-companheira, mormente quando esta não
tem renda fixa e começa a sofrer limitação
da capacidade laborativa em função
da idade. PARTILHA DE BENS. Os bens reconhecidamente
adquiridos no curso da união devem ser
partilhados por igual quando da sua dissolução.
Negado provimento ao apelo da virago e provido,
em parte, o recurso do varão.
(TJRS - 7ª Câm. Cível; AC nº
70010243244-Porto Alegre; Rela. Desa. Maria Berenice
Dias; j. 23/2/2005; v.u.) site www.tjrs.gov.br
20 - UNIÃO
ESTÁVEL
Dissolução - Partilha de bens -
Pedido do varão de exclusão do imóvel
do monte divisível - Sub-rogação
- Prova - Descabimento - Pretensão da mulher
de afastar a reserva de quinhão conferida
ao convivente - Bens móveis - Presunção
legal de que adquiridos ao tempo da relação
marital.
Configurada a união estável, os
bens adquiridos na constância da relação
devem ser objeto de partilha, sem que se perquira
do esforço de cada convivente para a constituição
do acervo comum, ficando excluídos aqueles
bens que comprovadamente foram adquiridos por
herança ou mediante sub-rogação
de bens pertencentes exclusivamente a um dos parceiros.
Na hipótese, não há prova
da sub-rogação de bens alegada pelo
varão, tão-somente dos valores entregues
como sinal para a compra do bem, o que já
foi reconhecido na decisão, até
porque admitido pela mulher em juízo. De
igual modo, e por esta mesma razão, não
há de ser afastada a reserva de quinhão
conferida ao litigante. No que diz com os bens
móveis, não havendo prova de que
foram adquiridos antes da união, presume-se
angariados ao tempo do enlace. Art. 1.662 do Código
Civil, que repete o disposto no art. 273 da legislação
anterior. Desprovidos ambos os apelos.
(TJRS - 7ª Câm. Cível; AC nº
70009595505-Lajeado; Rel. Des. José Carlos
Teixeira Giorgis; j. 22/12/2004; v.u.) site www.tjrs.gov.br
21 - INVENTÁRIO
União estável - Pretendido exercício
da inventariança pela companheira do de
cujus - Admissibilidade, se comprovada a convivência
ao tempo da abertura da sucessão - Inteligência
dos arts. 226, § 3º, da CF e 990, inciso
I, do CPC.
Ementa oficial: Detém a companheira, com
quem o falecido convivia ao tempo da abertura
da sucessão, legitimidade para o exercício
da inventariança, a teor dos arts. 990,
inciso I, do CPC e 226, § 3º, da CF.
(TJRS - 7ª Câm. Cível; AI nº
70007532799 (Segredo de Justiça)-RS; Rela.
Desa. Maria Berenice Dias; j. 18/2/2004; v.u.)
RT 830/359.
(Fonte:
AASP - Associação dos Advogados
de São Paulo)